'Revival', de Stephen King

A ideia para este livro está na minha cabeça desde que eu era criança. Frankestein, de Mary Shelley, foi uma grande inspiração para mim. E…

A ideia para este livro está na minha cabeça desde que eu era criança. Frankestein, de Mary Shelley, foi uma grande inspiração para mim. Eu queria criar uma história o mais humana possível, porque a melhor maneira de assustar o leitor é fazê-lo gostar dos personagens.

- Stephen King em entrevista para a revista Rolling Stone.

A frase consta na quarta capa de "Revival", obra de Stephen King lançada no Brasil pela Suma de Letras, e resume um pouco do livro. Se você já leu alguma história do mestre do horror, sabe que pode esperar uma narrativa surpreendente e um final aterrorizante.

"Revival" é narrado em primeira pessoa por Jamie Morton, que conta a história de sua vida, com ênfase em seu relacionamento com Charles Jacobs. Os dois se conheceram quando Jamie era uma garotinho de 6 anos, e Charles chegou para ser o novo reverendo da cidade. Em pouco tempo reverendo Jacobs e sua família se integram à comunidade e passam a ser queridos por todos, principalmente por Jamie, com quem Jacobs cria uma boa amizade. Porém, 3 anos depois uma tragédia acontece e reverendo Jacobs deixa a cidade.

Os anos passaram, mas Jamie nunca esqueceu Charles Jacob. Até que um dia, quando Jamie está com 36 anos, ele reencontra Jacobs em um parque de diversões, e novamente a vida dos dois volta a se unir. Jamie é viciado em drogas, e Jacobs o ajuda com isso por meio de eletricidade, um assunto que sempre o fascinou. Depois disso não posso falar mais nada, porque senão seria spoiler. Apenas adianto que o título do livro tem relação com o interesse de Jacobs por eletricidade.

O livro tem vários pontos altos e baixos. Resumindo, é interessante e prende a atenção nas fases da vida de Jamie em que Jacobs está presente, quando não, a história perde um pouco a graça. Essas partes da vida de Jamie sem o ex-reverendo são importantes para compor a história, mas em alguns momentos ficou cansativo.

"Revival" também aborda a questão da fé humana. Até que ponto Deus está presente em nossa vida e a controla? Realmente existe algo com um poder maior? A morte é o fim, ou existe algo além? A meu ver, “Revival” têm três pilares: a relação de Jamie e Jacobs, a fé/sobrenatural e a relação de Jacobs com a eletricidade.

Para quem gosta de ler e é fã de outros autores, vai encontrar algumas referências a Agatha Christie, Dan Brown e H.P. Lovecraft. King também faz uma espécie de crossover e cita o parque de diversões Joyland, título de outro livro seu (e em minha opinião, o melhor dele que eu já lia até agora).

Como disse King, "a melhor maneira de assustar o leitor é fazê-lo gostar dos personagens" e "Revival" é um belo exemplo disso. Sabe quando você começa a história adorando certo personagem, e quando o livro acaba você fica com o sentimento de "Mas o que aconteceu? O que essa pessoa se tornou?". Pois é assim com esse livro. A parte do horror em si assusta e mexe com a gente, mas acho que as ações humanas e pensamentos de certo personagem são o que dão mais medo.

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