Um Oscar de indefinições

Sempre chega um momento na temporada de premiações do Cinema em que a disputa pelo Oscar de Melhor Filme parece estar definida. Na de…

Sempre chega um momento na temporada de premiações do Cinema em que a disputa pelo Oscar de Melhor Filme parece estar definida. Na de 2012, houve vários desses momentos. O primeiro foi com Argo, logo da sua estreia nos Estados Unidos em meados de outubro, seguindo vigorosos elogios ao diretor Ben Affleck. Depois, A Hora Mais Escura, da diretora Kathryn Bigelow, repetindo o forte apoio da crítica que também fez notar seu Guerra ao Terror, de 2008. Mas então surgiu a polêmica discussão sobre o filme fazer apologia à tortura, o que abriu espaço para que Lincoln, de Steven Spielberg, surgisse como novo forte nome ao prêmio principal da Academia. (Também houve um tempo em que se pensava nas chances de o musical Os Miseráveis arrebatar inúmeras indicações e prêmios, mas o filme foi visto, agradou moderadamente, e o hype passou.) Eis que saem as indicações e, surpreendendo mais do que com suas esnobadas corriqueiras, Bigelow, Hooper e mais notadamente Ben Affleck ficam de fora da categoria de direção — que, como a história mostra, está fortemente ligada ao prêmio de Melhor Filme. Disso, Lincoln saiu fortalecido com suas doze menções e confirmou suas chances.

Porém, como tal, uma temporada de premiações não é feita só de Oscar, mas contempla também distinções entregues por diversas outras associações. E Argo, que chamou a atenção lá no início, voltou para receber as láureas da maioria dessas organizações — fazendo ferver as discussões entre analistas de prêmios; afinal, poucas vezes um quadro como esse foi visto na história do Oscar.


O filme de Ben Affleck é tido como favorito atual ao prêmio máximo na cerimônia deste domingo, 24 de fevereiro. Vencendo, será a primeira vez desde Conduzindo Miss Daisy, em 1990, que o ganhador de Melhor Filme sequer recebe indicação para diretor. Daí que é justamente em Melhor Direção que as previsões são um pouco nebulosas, apesar de um clima propício à vitória de Spielberg. Em Melhor Atriz, a antes favorita Jennifer Lawrence enfrenta forte concorrência da veterana francesa Emmanuelle Riva, pessoa mais velha já indicada nessa categoria e que completará 86 anos no dia da premiação. Dentre os atores coadjuvantes, só intérpretes já premiados anteriormente, e uma disputa bem aberta, embora Alan Arkin (por Argo) e Philip Seymour Hoffman (por O Mestre) corram por fora. Finalizando as atuações, Daniel Day-Lewis (por Lincoln) e Anne Hathaway (por Os Miseráveis) dificilmente encontrarão surpresas a suas vitórias, tendo ganhado praticamente tudo a que concorreram até agora nessa temporada. Em Filme em Língua Estrangeira, o austríaco Amor (que fecha cinco indicações no total, incluindo Filme e Direção) também vem seguro e quase unânime  alguns poucos apostam na zebra de dar o chileno No ou o dinamarquês O Amante da Rainha, lembrando que essa é uma categoria famosa por reverter o favoritismo de alguns filmes em anos recentes. Em Melhor Filme em Animação, porém, há dúvidas se o prestígio da Pixar para além da qualidade de suas produções recentes favorecerá Valente, tirando um bem merecido prêmio à Disney por Detona Ralph (se não aqui, o estúdio deverá ver o seu inovador Paperman premiado em Melhor Curta-Metragem em Animação, apesar da preferência da categoria em reconhecer produções de estúdios menos estabelecidos). Roteiro Original está entre Quentin Tarantino por Django Livre e Mark Boal por A Hora Mais Escura, mas possivelmente os dezoito anos que separam o primeiro de seu Oscar pelo texto de Pulp Fiction pese bastante aqui  ainda mais por Tarantino não estar indicado como diretor esse ano e tampouco já ter vencido nessa categoria. Em Roteiro Adaptado, Chris Terrio por Argo mantém preferência sobre Tony Kushner, que escreveu Lincoln e que era tido como favorito até algum tempo.

Já as categorias técnicas ficam entre certezas  Efeitos Visuais e Fotografia para As Aventuras de Pi; Canção Original para 007: Operação Skyfall; Desenho de Produção e Figurino para Anna Karenina; Montagem para Argo  e incertezas  Trilha Original (o sexto Oscar de John Williams?, ou Skyfall poderá surpreender?, ou fica mesmo com As Aventuras de Pi?); Edição de Som (Pi ou A Hora Mais Escura?); Mixagem de Som (Os Miseráveis ou Pi?); Maquiagem e Penteado (O Hobbit ou Os Miseráveis?).

Se em anos anteriores a espera por surpresas na entrega dos prêmios acabava frustada pela previsibilidade, talvez agora seja o momento de aguardar por elas. Esse ano a cerimônia tem como apresentador Seth MacFarlane, criador da série Uma Família na Pesada e de Ted (pelo qual concorre, aliás, em Melhor Canção Original). Haverá homenagem aos cinquenta anos de James Bond no Cinema e aos musicais da década passada. No Brasil, o show será transmitido ao vivo pela TNT com cobertura do tapete vermelho a partir das 20h30 (evento às 21h30), e pela Rede Globo após o Big Brother Brasil.



Relembre todos os indicados aqui. Sublinhadas no texto acima, minhas apostas para os vencedores.
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