Na
última semana, o apresentador do CQC, Felipe Andreoli, esteve em Juiz de Fora,
interior de Minas Gerais, para participar da 3ª Feira do Estudante. O evento
tem o objetivo de auxiliar alunos de diversas instituições em um dos momentos
mais importantes de suas vidas: a escolha da profissão. Após a realização de um stand-up
comedy, acompanhado de um bate-papo com os estudantes, Andreoli recebeu o All
POP Stuff em seu camarim e conversou sobre trabalho, carreira e sua paixão pelo
esporte.
All
POP Stuff: O CQC é um programa humorístico, mas que foca em assuntos mais
sérios. Os fatos políticos são um exemplo deste diferencial. Me lembro de ter
lido que você tinha medo de embarcar nesta proposta no início, porque
considerava o projeto uma espécie de "Pânico argentino". Por que você
tomou esta decisão?
Felipe
Andreoli: Porque eu percebi que não era um Pânico! Vi que o conteúdo do
programa era diferente. A proposta e a ideia eram outras. Posso dizer que a
vontade de sair do eixo onde eu estava também ajudou. Eu estava construindo uma
carreira dentro de uma caminho só, e esta foi a chance de dar uma quebrada e de
fazer alguma coisa diferente. Pensei: "vamos mudar e ver se dá
certo." Ainda bem que deu! Foi arriscado, porque eu já estava garantido
nas Olimpíadas de 2008. Eu iria cobrir pelo esporte da Band e fiquei com a vaga
ameaçada. O programa deu tão certo que eu fui para as Olimpíadas, só que pelo
CQC. Talvez o tempo que eu fiquei foi até maior que realmente ficaria se fosse
pra lá só pelo esporte.
APS: Muita gente não sabe que você é formado em jornalismo... Quando você decidiu que gostaria de seguir esta carreira?
Andreoli:
Foi algo que aconteceu desde criança, por influência do meu pai. Ele sempre foi
um cara que trabalhou com isso. Meus pais são separados e meu pai é jornalista.
Eu convivia muito com ele dentro das redações da TV Globo e da TV Bandeirantes.
Eu olhava para aquilo tudo que ele fazia e achava incrível. Admirava e falava:
nossa, eu quero fazer isso! Mesmo sem saber o que era o trabalho de verdade. Depois
fui perceber que tudo era muito mais difícil e menos glamoroso do que eu
imaginava quando era criança, e até mesmo quando eu era jovem. Ainda assim é
uma profissão que eu gosto muito e que me faz pensar: se eu não fizesse isso, o
que eu iria fazer?
APS:
A maioria das pautas que você cobre para o CQC é sobre esporte. Você esteve nas
Olimpíadas, na Copa do Mundo... Qual é a sua relação com, digamos, este nicho?
Andreoli:
O esporte vem porque eu sou um apaixonado por esporte, independentemente de ser
jornalista. Ele acabou virando uma especialidade da profissão. Eu sou um cara
que é fã de esporte. Se você chegar na minha casa e me pegar vendo televisão,
eu vou estar vendo isso. Minha mulher fica louca! Eu vejo tênis, futebol,
basquete... Se estiver passando curling eu assisto! Curling é bem legal,
diga-se de passagem. Eu gosto de assistir os caras varrendo aqueles negocinhos
no gelo!
APS: E a briga com o assessor do Rafael Nadal, que rolou até desabafo no Twitter?
Andreoli:
Ele interrompeu uma entrevista que eu fazia com o Nadal e esse desabafo acabou
chegando até ele. O cara achou ruim que eu xinguei no Twitter e me ligou para
tirar satisfação. Batemos boca pelo telefone e ele disse que já que eu não
tinha ficado feliz com a matéria, poderíamos gravar outra. E eu aceitei, nós
gravamos outra. A nossa briga acabou virando uma amizade. Este ano, quando
cheguei em Roland Garros, esse mesmo assessor que me vetou aqui no Brasil, me
abriu as portas e me ajudou a fazer uma baita matéria com o Nadal e ganhar uma raquete
que está pendurada na minha parede.
APS: Você saiu do CQC para se dedicar ao "Deu Olé", mas agora está de volta. Qual é a sensação de ouvir aquela frase clichê "o bom filho à casa torna?"
Andreoli:
Eu não saí completamente. O CQC é um filho de várias pessoas, o Deu Olé era um
filho meu, um projeto meu! Eu fiquei muito triste de ter perdido o programa,
mas a lição valeu muito. Eu aprendi a ser líder de uma equipe e a lidar com
outras dificuldades que, no CQC, eu como mais um, não lidava. Pra mim foi muito
gratificante. Talvez se eu tivesse saído totalmente e tivesse que voltar seria
meio que aquela coisa de voltar com o rabo entre as pernas. Mas como eu sabia
que num era algo certo, pelo horário do programa e pelo orçamento
disponibilizado, eu fiquei com o pé nas duas canoas. Acho que foi a coisa
certa!
APS:
Para finalizar, eu queria que você deixasse um recado para nossos leitores que
ainda não sabem o que fazer no futuro.
Andreoli:
Galera, se vocês tiverem vontade de fazer jornalismo ou seguir qualquer outra
profissão, siga o desejo de vocês. Façam o que estiver no coração. Aqui em Juiz
de Fora, um garoto me disse que queria ser músico. Siga o que você quer. Se não
der certo, é só lá na frente que você vai ver. Não deixe de fazer o que você
gosta. Seja por ter outras opções, porque seu pai quer que você siga a
profissão dele ou porque alguma dá mais dinheiro que a outra. Seguindo nosso
coração temos sempre mais chance de dar certo, porque vamos fazer o que
gostamos. Quando a gente faz o que gosta, a gente faz tudo com mais paixão!