O otimismo contagiante de "As Aventuras de Peabody e Sherman"

Num ano em que a DreamWorks aposta forte na continuação de Como Treinar o Seu Dragão (com estreia em 19 de junho no Brasil), é uma mara…

Num ano em que a DreamWorks aposta forte na continuação de Como Treinar o Seu Dragão (com estreia em 19 de junho no Brasil), é uma maravilhosa surpresa o lançamento pelo estúdio, agora no primeiro trimestre, de As Aventuras de Peabody e Sherman (Mr. Peabody & Sherman, Estados Unidos), um filme que encanta pela abordagem extremamente pura e otimista que dá aos seus conflitos.

Os personagens são baseados na dupla de um dos segmentos da clássica série animada Rocky e Bullwincle, no Brasil também conhecida como Alceu e Dentinho. Peabody é um cão falante instruído e inteligentíssimo, detentor de inúmeras honrarias e habilidades, e, provando ser tão capaz quanto qualquer um de criar uma criança, tem concedido o direito de adotar Sherman quando este é ainda um bebê. Preocupado com a educação do filho, Peabody constrói uma máquina do tempo que permite aos dois viajar por diferentes períodos da História e conhecer diversas figuras importantes, o que faz de Sherman um nerd cujo conhecimento atiça a inveja de uma colega de colégio, Penny. A partir daí, a trama os levará a protagonizar peripécias por várias épocas do passado, trazendo consequências para o presente e no processo ajudando a definir as relações entre eles.

Já são vinte anos desde que Rob Minkoff codirigiu O Rei Leão — a jornada de amadurecimento de Simba, que se vê à deriva após a perda do pai, seu norte e sua proteção, e com o qual era fortemente ligado. Aqui, o diretor de certa forma retoma alguns desses temas, e os apresenta de forma não menos comovente que na obra-prima de 1994. Da relação entre pai e filho  que é eventualmente abalada por ataques à sua formação familiar não usual  à personagem de Penny  a bully que tem a mais improvável das trajetórias —, o filme vai pincelando pequenos dilemas quase ao mesmo tempo em que os vai resolvendo com a melhor das intenções. Não há espaço para que algo dê realmente errado: o discurso que Peabody e Sherman traz é que tudo pode ser simples e positivo.

O texto une a sagacidade e a esperteza inevitáveis pelo personagem do cão letrado a uma leveza cômica que nunca deixa as lições de história parecerem mero didatismo, ou o mecanismo das viagens no tempo, uma escolha inconsequente; equilibra-os nos constantes trocadilhos, nas muitas piadas visuais e nas soluções mirabolantes (e tanto quanto imaginativas) de Peabody. O 3D, muito bem empregado, é particularmente deslumbrante em várias cenas de multidões e grandes espaços, e num voo que Sherman e Penny tomam sobre Veneza na máquina nunca antes testada de Da Vinci.

Divertidíssimo e com o coração maior que o mundo, As Aventuras de Peabody e Sherman vem para suprir a demanda de obras essencialmente feel-good, sem que necessariamente seja condescendente com as questões que apresenta. Não: o filme acredita no lado bom das coisas e dispensa qualquer cinismo, e isso, junto a seus personagens carismáticos e apaixonantes, é o que o eleva. Há pouco se teve o igualmente superlativo Uma Aventura Lego, e as expectativas no ramo são as melhores esse ano — 2014 já promete ser espetacular para as animações!

A+
A