Dois reinos vizinhos, um de fadas e outro de humanos, vivem em conflito, e se diz que só um grande herói ou um grande vilão será capaz de fazê-los se unir e conviver em harmonia. É nesse clima bélico que, ainda pequenos, Stefan e Malévola, um humano e uma fada, se conhecem, se apaixonam, e passam a manter uma relação secreta. Com o tempo, as ambições de Stefan vão ficando maiores, e ele acaba fazendo algo terrível a Malévola a fim de provar-se digno do trono e da princesa do seu povoado. Quando, já rei, sua filha nasce, Malévola, consumida por sentimentos de ódio e vingança desde que fora traída, amaldiçoa a criança: ao fazer dezesseis anos ela deverá espetar o dedo em uma roca de fiar e cair em sono eterno, a não ser que um beijo de amor verdadeiro a desperte. Aurora, a jovem princesa, é levada para ser criada e protegida por três fadas madrinhas desajeitadas, mas Malévola fica sempre por perto. A surpresa vem quando ela começa a criar um relacionamento inesperado com a garota.
Com o nome de sua protagonista como título, a Disney resgata, em Malévola (Maleficent, Estados Unidos/Reino Unido, 2014), a história de uma de suas obras mais clássicas, A Bela Adormecida, e a reinventa na versão da vilã. Aqui, porém, não de todo vilã. Necessidades artísticas e financeiras à parte (no sentido de o estúdio precisar explorar ao máximo histórias e personagens populares), essa nova visão do conto não deixa de ser um sinal de amadurecimento e adequação aos tempos, no que pressupõe desconstruir a lógica de bem e mal univalentes — que tem sim seus propósitos, mas que representa uma fórmula esgotada — e dar a seus personagens mais dimensão.
A ideia é boa demais para não cair em armadilhas, no entanto, a trama falta com aspectos básicos de desenvolvimento. Uma vez feitas as inversões dos papéis, o filme cai num vácuo à espera do clímax, um recheio por vezes previsível de momentos cômicos nem sempre bem sucedidos e ritmo lento. Não faltam bons créditos à roteirista, Linda Woolverton, que escreveu duas das grandes animações da nova era de ouro da Disney no início da década de 90, O Rei Leão e A Bela e a Fera, mas seu trabalho aqui condiz mais com seu script para a versão murcha de Alice no País das Maravilhas de Tim Burton, de 2010. Após muitas considerações para a direção (o próprio Burton chegou a ser uma escolha), o supervisor de efeitos visuais e desenhista de produção Robert Stromberg assumiu a função, vindo com dois Oscar mas pouco conhecimento do ofício — e até mesmo visualmente o filme não chega a ser um deslumbre.
Mesmo que termine apontando para uma moderna, bem-vinda e necessária tendência, subvertendo conceitos que o próprio estúdio ajudou a consolidar no decorrer de décadas de contos de princesas, Malévola é um projeto subaproveitado. Frozen revirou tudo isso com muito mais classe e competência.
Com o nome de sua protagonista como título, a Disney resgata, em Malévola (Maleficent, Estados Unidos/Reino Unido, 2014), a história de uma de suas obras mais clássicas, A Bela Adormecida, e a reinventa na versão da vilã. Aqui, porém, não de todo vilã. Necessidades artísticas e financeiras à parte (no sentido de o estúdio precisar explorar ao máximo histórias e personagens populares), essa nova visão do conto não deixa de ser um sinal de amadurecimento e adequação aos tempos, no que pressupõe desconstruir a lógica de bem e mal univalentes — que tem sim seus propósitos, mas que representa uma fórmula esgotada — e dar a seus personagens mais dimensão.
A ideia é boa demais para não cair em armadilhas, no entanto, a trama falta com aspectos básicos de desenvolvimento. Uma vez feitas as inversões dos papéis, o filme cai num vácuo à espera do clímax, um recheio por vezes previsível de momentos cômicos nem sempre bem sucedidos e ritmo lento. Não faltam bons créditos à roteirista, Linda Woolverton, que escreveu duas das grandes animações da nova era de ouro da Disney no início da década de 90, O Rei Leão e A Bela e a Fera, mas seu trabalho aqui condiz mais com seu script para a versão murcha de Alice no País das Maravilhas de Tim Burton, de 2010. Após muitas considerações para a direção (o próprio Burton chegou a ser uma escolha), o supervisor de efeitos visuais e desenhista de produção Robert Stromberg assumiu a função, vindo com dois Oscar mas pouco conhecimento do ofício — e até mesmo visualmente o filme não chega a ser um deslumbre.
Mesmo que termine apontando para uma moderna, bem-vinda e necessária tendência, subvertendo conceitos que o próprio estúdio ajudou a consolidar no decorrer de décadas de contos de princesas, Malévola é um projeto subaproveitado. Frozen revirou tudo isso com muito mais classe e competência.