O sucesso de "Hoje Eu Quero Voltar Sozinho"

Hoje Eu Quero Voltar Sozinho (Brasil, 2014), que estreou nacionalmente em 10 de abril (ou seja, há 11 semanas e contando), tanto permane…

Hoje Eu Quero Voltar Sozinho (Brasil, 2014), que estreou nacionalmente em 10 de abril (ou seja, há 11 semanas e contando), tanto permanece em cartaz em alguns cinemas do país como continua a recolher prêmios em festivais internacionais onde tem sido exibido. O filme de Daniel Ribeiro, baseado no curta-metragem Eu Não Quero Voltar Sozinho, de 2010, tem por onde garantir esse sucesso. Meses antes da estreia, a publicidade na página oficial no Facebook ia captando os espectadores com uma divulgação acertada de bastidores, láureas (o filme estava passando pela Berlinale, onde teve duas vitórias importantes) e brindes. A preocupação do público, muitos já fãs do curta original — viral no YouTube, com mais de 3 milhões de visualizações —, era com a data de estreia e com o filme chegar em sua cidade. Esta, uma preocupação também da distribuidora Vitrine Filmes, fundada em 2010 e já dona de um catálogo de produções nacionais aclamadas — dentre elas O Som ao Redor e seus cerca de 100 mil ingressos vendidos, um número notável para o que se pode chamar de filme de nicho. Uma estratégia bacana foi o site Não Quero Ir ao Cinema Sozinho, em que o fã podia compartilhar a sessão à qual iria para que outros o acompanhassem, mas que também servia para mapear o público nas cidades onde Hoje Eu Quero... ainda não chegara. Deu resultado: pouco mais de 30 cópias já renderam cerca de 200 mil espectadores em quase 3 meses de exibição. (Nos Estados Unidos, a distribuição também já está garantida, chegando por lá mais para o fim do ano.)

Por outro lado, o filme é uma lindeza só — o que certamente facilita sua procura e difusão. A sensibilidade com que é conduzida a história de Leonardo, o adolescente cego que aos poucos vai se descobrindo apaixonado pelo novo colega de turma, é nunca menos que encantadora: sabendo desviar-se de excessos dramáticos e conflitos desnecessariamente complexos, o texto de Ribeiro revela um otimismo e entendimento das questões da adolescência como poucas produções, nacionais ou estrangeiras, a recortar esse período de formação de identidade, busca de independência, primeiro amor. A direção se reserva à simplicidade e à praticidade de planos que muitas vezes usam apenas a mudança de foco como forma de estabelecer a dinâmica entre os personagens, o que igualmente serve para tornar tais momentos mais íntimos de quem assiste. Uma intimidade, claro, também favorecida pelas interpretações, sejam dos coadjuvantes (os pais, a professora, o bully), sejam do trio principal (Ghilherme Lobo, Tess Amorim e Fabio Audi, todos reprisando seus papéis), porém mais especialmente de Lobo, que como protagonista é o mais exigido pela trama e entrega uma composição dedicada e, sim, graciosa, por isso envolvente. No fim, é a delicadeza dessa abordagem que faz de Hoje Eu Quero... uma obra tão atraente, emocionante e necessária. Pois como atesta em mantra um dos versos da canção-chave do filme, "but underneath I am the same as you".

Hoje Eu Quero Voltar Sozinho está disponível, desde a última quinta-feira, 26/06, para aluguel e compra na iTunes Store brasileira. Em dois dias online, já foi segundo e agora é terceiro no top filmes da plataforma. Acesse-o aqui.



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