Mesmo desfalcado, Take That acerta com novo disco, "III"

Desde que lançou Progress e Progressed, em 2010, com sua formação original, o Take That tem passado por um processo de desconstrução. Tão…

Desde que lançou Progress e Progressed, em 2010, com sua formação original, o Take That tem passado por um processo de desconstrução. Tão logo terminou a turnê de divulgação dos discos, o astro Robbie Williams anunciou sua segunda saída do grupo. Em setembro deste ano, foi a vez de Jason Orange (praticamente um músico de apoio nos últimos trabalhos) anunciar seu desligamento da boy(?)band e deixar o ex-quinteto reduzido a um trio. Agora formado por Gary Barlow, Mark Owen e Howard Donald, o Take That acaba de lançar seu sétimo álbum de estúdio, cujo título é uma óbvia referência a atual formação: “III”.


Se em Progress o som do grupo, de fato, progrediu (o peso da contribuição de Robbie foi enorme), alcançando vertentes do pop ainda não exploradas pelos rapazes, desta vez não há grandes novidades. III segue no caminho de seu antecessor, apostando em uma sonoridade mais eletro e repetindo a fórmula que sempre fez bem ao Take That: é um disco limpo, repleto de canções funcionais com alguns momentos realmente brilhantes que acabam elevando-o a um patamar acima da maioria dos lançamentos do gênero.

A edição deluxe é composta por 15 músicas, das quais dois terços têm Gary como lead vocal. Não que o frontman da banda não mereça todo esse destaque, pois é, de fato, um cantor excepcional. Mas, repetindo o que ocorreu no álbum anterior, há uma distribuição desequilibrada de vocais entre o trio: Mark canta quatro músicas, Howard, apenas uma. Contudo, a escassez de músicas parece ter causado um efeito positivo em Mark, que, mesmo com pouco espaço, protagoniza os melhores momentos de III. Enérgico, o baixinho de voz anasalada puxa a frente em Lovelife, uma espécie de eletro-country perfeito para ser executado em uma arena lotada.

Na melhor faixa do disco, Into The Wild, Mark entrega o que - não seria exagero dizer - acaba por ser seu grande momento dentro do Take That. Além disso, a canção conta com uma letra sombria e tensa, que ganha ares mais urgentes através de batidas firmes e da interpretação quase angustiante de Mark. Mas justiça seja feita: Gary também entrega alguns bons momentos, como a animada abertura com These Days, o primeiro single de III. If You Want It também figura fácil entre os destaques do álbum, bem como Flaws (apesar de destoar do conjunto proposto e soar mais uma faixa bônus do último trabalho solo de Gary).

Com três ou quatro composições que ficam devendo um pouco, "III" cumpre bem o prometido, além de comprovar que o "novo" Take That segura bem a barra, apesar dos desfalques. Falta a força criativa e o conjunto de "Progress", mas a produção é caprichada, e o talento do três quando soltam suas vozes é inegável.

Poderia ser melhor? Claro. Quem sabe quando se recomporem como um quinteto. Afinal, 2017 e o 25º aniversário do grupo já estão aí...


A+
A