Oscar 2015 | Algumas considerações

A 87ª cerimônia do Oscar, ocorrida na noite do último domingo, 22, em Los Angeles, consagrou Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorânc…

A 87ª cerimônia do Oscar, ocorrida na noite do último domingo, 22, em Los Angeles, consagrou Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância), do cineasta mexicano Alejandro González Iñárritu, como Melhor Filme — e também Melhor Direção, Roteiro Original e Fotografia. A produção era recordista em indicações, somando 9, ao lado de O Grande Hotel Budapeste, que também saiu com 4 prêmios — Trilha Original, Maquiagem, Figurino e Desenho de Produção.

Boyhood: Da Infância à Juventude, de Richard Linklater, rodado durante 12 anos e antes tido como franco favorito, acabou saindo apenas com a já esperada vitória de Patricia Arquette como Atriz Coadjuvante. Da mesma forma, Julianne Moore como Melhor Atriz por'Para Sempre Alice e Eddie Redmayne como Melhor Ator por A Teoria de Tudo, além de J. K. Simmons como Ator Coadjuvante por Whiplash: Em Busca da Perfeição, completam as categorias de atuação confirmando o favoritismo que trouxeram por toda a temporada. Whiplash, aliás, surpreendeu positivamente: levou também Montagem e Mixagem de Som.

Entre as outras produções indicadas ao prêmio principal, todas saíram com ao menos um Oscar: O Jogo da Imitação com Roteiro Adaptado, Sniper Americano com Edição de Som, e Selma: Uma Luta pela Igualdade com Canção Original ("Glory"). E sendo consistente com a bagunça feita na categoria de Melhor Animação, que sequer trazia Uma Aventura LEGO entre os indicados, a Academia premiou Operação Big Hero sobre o favorito Como Treinar o Seu Dragão 2, marcando a segunda vitória seguida da Disney após Frozen: Uma Aventura Congelante no ano passado. Ainda entre os longa-metragens, Interestelar levou Efeitos Visuais, o polonês Ida levou Filme em Língua Estrangeira, e CitizenFour, Documentário.

Mas falemos do show. Em termos de audiência, foi a menor desde 2008. Neil Patrick Harris teve uma presença apagada, apesar de um ótimo número musical de abertura. As piadas eram geralmente sem inspiração e repetitivas; o texto dos demais apresentadores, um tanto sisudo demais. Quanto à organização, a cerimônia estava caprichada, com as canções recebendo o devido destaque e as categorias tendo uma distribuição lógica entre os números e os momentos de homenagem — e nesse sentido, o in memoriam aberto por Meryl Streep, a performance de John Legend e Common cantando "Glory" e o medley de A Noviça Rebelde na voz de Lady Gaga (e, logo após, a presença de Julie Andrews no palco) emocionaram a plateia.

Também foi interessante ver como, contrastando com a seriedade que pairava sobre o show, a Academia se permitiu alfinetar em momentos como as tiradas com a esnobada de Uma Aventura LEGO (e os Oscar no formato dos famosos bloquinhos foram parar nas mãos de diversas personalidades da plateia), a hilária brincadeira com Idina Menzel e John Travolta (em referência ao que ocorreu ano passado), e mesmo Ben Affleck apresentando Melhor Direção — uma certeira ironia, já que Affleck não foi indicado na categoria dois anos atrás quando seu filme Argo levou Melhor Filme.

A noite também brilhou com vários discursos inspiradores, como o de Arquette pedindo equidade salarial entre homens e mulheres e Legend lembrando que ainda há muito que se lutar pela condição dos negros nos Estados Unidos. E muitos outros, que falavam de aceitação (o roteirista de O Jogo da Imitação, Graham Moore), da natureza não competitiva da Arte (Iñárritu ao receber o Oscar de Direção) ou mesmo da empatia com os portadores de Alzheimer e da necessidade de conscientização sobre a doença (Julianne Moore).

Se a audiência foi decepcionante, é porque faltou algum blockbuster amplamente amado pelo público (coisa que a expansão no número de indicados na categoria principal ainda tem falhado em conseguir), mas a maioria dos grandes filmes de 2014 — e que ano maravilhoso para o Cinema foi esse! — estava ali, e a cerimônia foi satisfatória. Só comparar com os fiascos de anos atrás para ver como os produtores têm se esforçado para não cair nos mesmos erros e apresentar algo fluido, consistente e pouco cansativo (o que não é fácil para um show de inevitáveis mais de 3 horas). Esperemos algo um pouco mais animado para 2016. Que mais filmes maravilhosos nos acompanhem até lá!

Quer conferir mais?
Clica na Meryl e confira a lista com todos os vencedores e as apresentações musicais.

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