A última aparição de Max Rockatansky nos cinemas não deixou muita saudade. Monótono e sem brilho, "Mad Max - Além da Cúpula do Trovão" legou, ainda assim, pelo menos uma boa lembrança: sua canção-tema, "We Don't Another Hero", interpretada por Tina Turner.
Agora, 30 anos após as estrepolias na cúpula, o icônico personagem retorna absolutamente revigorado em "Mad Max: Estrada da Fúria", mesclando o que há de melhor nos filmes anteriores a uma nova e imaginativa proposta - e contrariando um pouco aletra da música de Tina, quando diz que "não precisamos de outro herói". Precisávamos urgentemente de Max, para o bem do cinema mainstream.
Agora, 30 anos após as estrepolias na cúpula, o icônico personagem retorna absolutamente revigorado em "Mad Max: Estrada da Fúria", mesclando o que há de melhor nos filmes anteriores a uma nova e imaginativa proposta - e contrariando um pouco aletra da música de Tina, quando diz que "não precisamos de outro herói". Precisávamos urgentemente de Max, para o bem do cinema mainstream.
O hype da crítica em cima do quarto longa da franquia, iniciada em 1979, não é nem um pouco exagerado. Faz todo o sentido exaltar este novo "Mad Max" como um sério candidato ao posto de melhor filme de 2015, mesmo com inúmeros lançamentos aguardados pela frente. "Estrada da Fúria" é um estranho no ninho se comparado a outras produções hollywoodianas desta temporada, como "Velozes e Furiosos 7", "Vingadores: Era de Ultron" e outros que estão por vir, pois abraça um tipo de abordagem a qual o cinemão norte-americano já não está mais acostumado: é insanamente simples em sua concepção, mas simplesmente insano na execução.
Praticamente todo o mérito pela loucura do filme precisa ser creditado a George Miller. Pai da criança e diretor de todos os capítulos, ele demonstra mais habilidade e criatividade na condução de uma história aos 70 anos do que muitos cineastas com metade de sua idade. E ele não precisa sequer de um roteiro engenhoso e cheio de voltas para alcançar esse êxito. "Estrada da Fúria", escrito por Miller, Brendan McCarthy e Nick Lathouris, não possui uma trama das mais elaboradas, mas compensa plenamente por sua eficiência e pelos personagens que a fazem girar: ainda atormentado pela perda de sua família, Max (Tom Hardy) ajuda a rebelde Imperator Furiosa (Charlize Theron) a escapar de uma cidade tirânica, em uma longa e tortuosa viagem por uma terra devastada, com preciosos bens do poderoso Immortan Joe (Hugh Keays-Byrne).
Talvez seja mais lógico dizer que, na verdade, o personagem-título é que é ajudado por Furiosa - uma pessoa que, assim como Max, tem contas a acertar com o passado e possui motivação e fúria suficientes para tanto. Embora possa parecer estranho ver o protagonista quase relegado a uma posição de coadjuvante, é interessante notar como o filme aposta em uma elogiável perspectiva feminista, dando a Furiosa e às muitas (muitas mesmo) mulheres que acompanham a jornada um destaque que não costuma lhes ser dado em filmes desse gênero, sobretudo em um filme em que a grande estrela é, supostamente, um homem. Apesar da discrição, o Max de Hardy não só convence pelo desempenho na hora da porrada, como acerta no tom que se espera de um sujeito solitário e amargo, que balbucia suas palavras, mas que ainda é capaz de guardar algum resquício de humanidade.
Mas é nas longas, imaginativas e violentas sequências de ação que este "Estrada da Fúria" encontra sua catarse. E isso só é capaz graças a coragem de Miller em economizar nos efeitos digitais e optar por métodos mais old school - por mais impressionante que seja um efeito criado em computador, ele jamais será tão palpável e visceral quanto o tipo de sandice que o diretor coloca no filme: praticamente tudo ali realmente explode e voa pelos ares. Além dessa realidade que salta aos olhos, o design dos carros utilizados é de uma engenhosidade bizarra, mas absurdamente funcional para a ação, bem como os figurinos e maquiagem, todos exagerados, cartunescos, mas condizentes com aquele cenário pós-apocalíptico - até mesmo um homem suspenso em um carro, tocando uma guitarra que solta fogo, parece natural naquele contexto.
Com Mad Max de volta aos holofotes, Miller prova que ainda é possível injetar energia em um gênero saturado por filmes que, muitas vezes, não passam de mais do mesmo. "Mad Max: Estrada da Fúria" não propõe um estudo de personagem pretensioso (o charme de Max reside justamente em sua persona dura e misteriosa, que raramente diz o que pensa). Tampouco quer ser um divisor de águas no cinema de ação. Mas isso até que não seria má ideia.
Mas é nas longas, imaginativas e violentas sequências de ação que este "Estrada da Fúria" encontra sua catarse. E isso só é capaz graças a coragem de Miller em economizar nos efeitos digitais e optar por métodos mais old school - por mais impressionante que seja um efeito criado em computador, ele jamais será tão palpável e visceral quanto o tipo de sandice que o diretor coloca no filme: praticamente tudo ali realmente explode e voa pelos ares. Além dessa realidade que salta aos olhos, o design dos carros utilizados é de uma engenhosidade bizarra, mas absurdamente funcional para a ação, bem como os figurinos e maquiagem, todos exagerados, cartunescos, mas condizentes com aquele cenário pós-apocalíptico - até mesmo um homem suspenso em um carro, tocando uma guitarra que solta fogo, parece natural naquele contexto.
Com Mad Max de volta aos holofotes, Miller prova que ainda é possível injetar energia em um gênero saturado por filmes que, muitas vezes, não passam de mais do mesmo. "Mad Max: Estrada da Fúria" não propõe um estudo de personagem pretensioso (o charme de Max reside justamente em sua persona dura e misteriosa, que raramente diz o que pensa). Tampouco quer ser um divisor de águas no cinema de ação. Mas isso até que não seria má ideia.