“Difamação” é o primeiro livro de Renée Knight, lançado esse ano pela Suma de Letras. A obra é um drama, com um pouco de thriller psicológico. Logo na capa já lemos uma frase da crítica do The New York Times, que diz que a história é cheia de reviravoltas e impressionante. Na parte de trás do livro também há outras frases de críticas, todas muito positivas, e até comparando o livro à “Garota Exemplar”, de Gillian Flynn.
Todas essas críticas, a comparação com “Garota Exemplar” (um excelente livro) e a sinopse, me fizeram ter vontade de ler “Difamação”, e minhas expectativas estavam bem altas. Pena que não se cumpriram.
O livro começa com um ritmo lento e confuso. Cada capítulo é na visão de um personagem diferente; um na visão de Catherine - personagem principal, uma mulher chegando na meia-idade, casada e com um filho jovem - e se passa na Primavera de 2013, outro na visão de Stephen - um idoso viúvo e com um filho morto - , e se passa dois antes, ou seja, em 2011. Bem, a sinopse não diz muita coisa, apenas que Catherine recebe um livro com uma história sua, um segredo do passado que ela gostaria de esquecer. Ela não faz ideia de quem escreveu ou mandou o livro, e nem como a pessoa descobriu esse segredo.
O segredo não é dito para os leitores, vamos descobrindo tudo aos poucos. Depois das primeiras 30 páginas, em que a narrativa é arrastada e cansativa, a história começa a engrenar e até prende o leitor. Vamos descobrindo quem é Stephen e de que forma ele está ligado à Catherine. Todos os personagens de “Difamação” são comuns, sem características especiais ou histórias fantásticas, são personagens da vida real, e com histórias que acontecem todos os dias.
A única semelhança com “Garota Exemplar” é que realmente o livro tem algumas reviravoltas, e quando você pensa que certo personagem é desprezível, descobre que não é nada disso. Foram essas mudanças de percepção, de ângulo de vista, que seguram a atenção do leitor, tentando entender esse quebra-cabeça.
A ideia da autora foi boa, pegar problemas comuns, personagens comuns, e colocar em um drama que qualquer pessoa poderia passar. Mas acredito que seu erro foi não ter colocado carisma na história. Por mais que uma história tenha drama, sempre há um personagem carismático; até mesmo vilões, há várias histórias com vilões carismáticos! O que não é o caso de “Difamação”, onde não há um “vilão”, mas todos os personagens são sem sal e um pouco irritantes.
Enfim, depois da história engrenar e descobrir qual é o segredo e o que de fato aconteceu no passado de Catherine, o final também é arrastado. As últimas 40 páginas são bem lentas e me pareceram desnecessárias. Claro, ainda tinha história para contar e coisas a serem resolvidas, mas eu não via a hora daquele drama terminar.
Mesmo com esses problemas na narrativa, gostei da escrita da Renée, acho que é uma autora promissora. Se ela escrever mais livros, vou dar uma nova chance. Ah, também preciso comentar da capa. Procurando na internet, vi que a capa original é diferente da edição do Brasil; gostei muito mais da original, porque faz muito mais sentido e chama muito mais atenção.