'A Coroa', de Kiera Cass

Enfim a série "A Seleção", de Kiera Cass , chega ao final, com o livro "A Coroa" , lançado esse mês pela Editora …

Enfim a série "A Seleção", de Kiera Cass, chega ao final, com o livro "A Coroa", lançado esse mês pela Editora Seguinte. Depois de acompanharmos a história de America por três livros, vemos sua filha com o Rei Maxon, Eadlyn, começar a construir sua história, em "A Herdeira". Agora nesse novo livro, Eadlyn precisa tomar uma decisão, que mudará o futuro do país.

Para relembrar: em "A Herdeira", se passaram 20 anos desde a seleção de America, e depois de tempos de paz, Illéa vive momentos de crise. As castas acabaram, mas ainda há muito preconceito, e para amenizar a situação e dar nova esperança ao povo, é criada uma nova seleção, dessa vez com a princesa Eadlyn. 35 garotos vão até o palácio e se ela gostar de algum, pode se casar com ele. Se não, no final do terceiro mês pode dispensar todos e continuar solteira.

Porém, nada é tão fácil como parece, e nesse novo livro Eadlyn tem novos desafios para resolver. Assim como no livro anterior, o foco de "A Coroa" não é o romance, mas sim a relação de Eadlyn com a família e suas obrigações com o país. Nessa nova história dá para perceber a mudança e o crescimento pessoal da filha de America. Em “A Herdeira”, Eadlyn era uma garota mimada, de personalidade forte e um pouco prepotente. A personalidade forte permanece, mas nesse novo livro ela está muito mais generosa e empática. E se no livro anterior ela era totalmente contra a ideia de casar, nesse sua opinião muda.

E as questões feministas, já presentes no livro anterior, permanecem em "A Coroa". Logo no começo do livro Eadlyn lida com um ministro machista em uma reunião, e tem a melhor reação possível. Além disso, sua equipe mais próxima é composta só por mulheres: Neena, sua antiga criada, que é promovida como sua assistente, e Senhorita Brice, ministra. Em tempos que não temos nenhuma mulher nos ministérios brasileiros, sendo que somos maioria da população, "A Coroa" dá show de feminismo. Isso é importantíssimo, já que o público-alvo da série são jovens. O livro aborda de forma sutil o tema, e mostra que as mulheres são tão capazes quanto os homens para desempenhar cargos políticos.

Outro ponto importante foi a inclusão de dois personagens gays. Bem, eles já tinham aparecido no livro anterior, mas só se revelaram agora. Novamente, o tema é tratado com bastante sutileza e normalidade, como tem que ser. Afinal, somos todos iguais e merecemos um final feliz.

Apesar dos muitos pontos positivos, como o amadurecimento de Eadlyn e as questões feministas, o livro tem alguns problemas. A história de "A Herdeira" acontece de forma que prende o leitor e tudo flui naturalmente. Já em "A Coroa", achei que não teve conflito suficiente, e tive a impressão de que Kiera Cass não sabia como terminar a história. Um novo personagem nos foi apresentado, e gostei de sua participação, mas ele poderia ter sido mais aproveitado, dando mais ritmo à narrativa.

Além disso, Eadlyn passou a maior parte do livro sem saber que garoto da Seleção escolher, e, do nada, no final do livro, ela fica loucamente apaixonada. Infelizmente o meu preferido não foi o escolhido. Gosto bastante de quem ela escolheu, porém não concordei com a maneira que eles acabaram ficando juntos. Outra crítica é em relação ao casamento deles. Seria tão legal se o final não fosse clichê e não terminasse em casamento. A maioria das pessoas não se casa com 18 anos hoje em dia. E para quem nem queria casar, Eadlyn mudou de ideia muito rapidamente em 2 meses.

"A Coroa" deixou um gostinho de quero mais e sentirei saudades de Eadlyn. Sou contra séries muito longas, mas confesso que iria gostar se tivesse mais um livro da série "A Seleção". Será que Kiera Cass terminou de vez com essa distopia? Fica a dúvida no ar.

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