'A Rainha Vermelha', de Victoria Aveyard, tem sido uma série de extremos para os leitores. Alguns amam e outros odeiam, simples assim, e todos pelo mesmo motivo, enquanto alguns amam ver superpoderes sendo usados e desenvolvidos durante a narrativa, outros simplesmente odeiam por acharem "X-Men demais", "Mutantes demais" ou "Clichê demais".
Como nesse mundo, nada se cria, tudo se adapta, desde Tolkien, sou do time que aceita as novas histórias, por mais que elas pareçam ter saído de outros livros ou filmes.
Uma hora ou outra elas conseguem achar seu ritmo próprio, seu foco, e começam a andar com as próprias pernas. Quando isso acontece a história vai embora e minha mente viaja junto, quando não, bem, simplesmente paro de ler.
A Rainha Vermelha - O mundo de Mare Barrow é dividido pelo sangue: vermelho ou prateado. Mare e sua família são vermelhos: plebeus, humildes, destinados a servir uma elite prateada cujos poderes sobrenaturais os tornam quase deuses. Mare rouba o que pode para ajudar sua família a sobreviver e não tem esperanças de escapar do vilarejo miserável onde mora. Entretanto, numa reviravolta do destino, ela consegue um emprego no palácio real, onde, em frente ao rei e a toda a nobreza, descobre que tem um poder misterioso… Mas como isso seria possível, se seu sangue é vermelho? Em meio às intrigas dos nobres prateados, as ações da garota vão desencadear uma dança violenta e fatal, que colocará príncipe contra príncipe - e Mare contra seu próprio coração.
Com a sinopse acima temos LITERALMENTE todo o enredo do primeiro livro, tudo o que você precisa saber sobre esse novo (ou nem tanto) universo. Um mundo e fantasia que nos mostra uma sociedade divida em dois tipos de grupos: os de sangue prateado, que é composta por toda a elite e realeza, com pessoas que possuem algum tipo de poder, desde aqueles que estamos acostumados a ver em séries e HQs como levitação, telecinesia, controle dos elementos da natureza, controle de mente, super força, super velocidade, e a lista se estenderia sem fim aqui pois a cada novo persona, descobrimos mais poderes (por isso a comparação, quase impossível de evitar, com X-Men). Mas isso não é ruim, muito pelo contrário, é uma das bases do desenvolvimento desse mundo fantástico. E é bem feito, ao ponto de te prender e querer saber mais sobre o poderes e seus usos.
Do outro lado, quase esquecido, temos as pessoas de sangue vermelho, que seriam a escória da sociedade, esses são usados como mão de obra pelos prateados, são literalmente escravos da classe dominante e não veem perspectiva de que um dia suas vidas possam melhorar.
O livro é narrado pelo ponto de vista da Mare, plebeia de sangue vermelho que após algumas reviravoltas em sua vida, descobre ter poderes, e dai todo o espanto, já que é dito que apenas “prateados” tem poder correndo em suas veias. Com essa descoberta bombástica que a história se desenvolve através de uma série de armações, traições, reviravoltas e muita, muita ação e um final de cair o queixo. É um plot twist tão bem arquitetado que vai fazer você querer começar o segundo livro no instante em que fechar o primeiro.
Como tive que esperar a chegada de 'Espada de Vidro', levei um tempo para voltar a história pois eu realmente não conseguia me lembrar de certos detalhes ocorridos no 1º livro, dado a quantidade de personagens, poderes, e casas de cada um. Uma vez que essa memórias voltaram, bem, a leitura fluiu e não parei de ler o livro.
Uma coisa que considerei chata é a quantidade de vezes que a autora tenta por em nossas cabeças a máxima "Todo mundo pode trair todo mundo". Eu entendo algumas menções, mas bater nessa tecla capítulo após capítulo se torna um exagero. Isso no primeiro livro foi legal por incutir no leitor o elemento surpresa, mas nesse livro, por ela grifar tanto a frase, você lê o acontecimento esperando que no próximo parágrafo o personagem X apunhale personagem Y, e isso tira um pouco da ansiedade tão bem construída no primeiro livro.
Os personagens mais uma vez dão um show a parte cada um com sua característica própria, seus poderes e dilemas, e isso ela trabalha muito bem, mesmo em capítulos onde temos cinco ou seis pessoas, ela dedica tempo a cada um, nos levando as suas mentes, e assim conseguimos separar cada dilema vivido ali: a traição da família, a perca de um parente, a dor do abandono, o medo da perseguição. Cada questão dessa é elemento de um personagem e identificar isso e poder acompanhar essas narrativas separadamente só enriquece o livro como um tudo.
Como no primeiro livro, a autora sabe construir cliffhangers que vão te deixar passando mal para por as mãos no próximo livro. Essa é uma série de "Ame ou deixe", eu no caso estou amando e preciso desesperadamente do terceiro livro.