Depois das hashtags #MeuPrimeiroAssédio, #MeuAmigoSecreto, #VamosFazerUmEscândalo, entre outras, repercutirem nas redes sociais denunciando situações de assédio, uma nova hashtag surgiu e com mais denúncias. Se trata da campanha #JornalistasContraOAssédio, criada após a demissão da repórter do Portal IG que denunciou o cantor Biel.
O caso ocorreu em maio, quando uma repórter do portal entrevistou o cantor. Durante a entrevista, Biel chamou a repórter de “gostosinha”, falou “se te pego, te quebro no meio”, entre outras frases de assédio. A repórter então denunciou o ocorrido, e o portal IG repudiou qualquer forma de assédio ou agressão à mulher.
Porém, menos de um mês depois da divulgação do caso, o jornalista Fernando Oliveira, popularmente conhecido como Fefito, comentou no twitter que a repórter tinha sido demitida. As pessoas começaram a cobrar explicações do portal, e as redes sociais do IG pararam de funcionar no mesmo dia.
Três dias depois, foi criada uma página no facebook para combater o assédio com jornalistas. Um vídeo também foi feito, com relatos de mulheres profissionais da área, contando alguns casos que já aconteceram com elas. O manifesto ganhou apoio de políticos como Luiza Erundina, Jean Wyllis, o ex-presidente Lula e Cassio Cunha Lima.
E hoje no twitter, jornalistas do Brasil todo estão compartilhando a hashtag, contando histórias de assédio que já ocorreram com elas.
Qdo eu trabalhava com política e frequentava eventos do tipo, passei a usar aliança falsa para ter um pco de paz. #JornalistasContraOAssedio— Priscila Vanti (@PriscilaVanti) 22 de junho de 2016
Meu chefe era cadeirante. Ajudei-o a buscar sua cadeira. "Se não fosse colheguinha, tinha levado pra cama", disse #jornalistascontraoassédio— Lisiane Oliveira (@lisianeoliveira) 22 de junho de 2016
Trabalhei um tempo na OAB. Meu chefe era um velho, nunca vi mal nisso. Até que ele passou a mão na minha perna. #jornalistascontraoassédio— Bruna Abrusio (@itsmeBrubs) 22 de junho de 2016
Um chefe me viu no corredor, me chamou pelo nome e disse: essa calça fica mto bem em você, principalmente a bunda #jornalistascontraoassédio— Isabela Sperandio F. (@Isasperandio) 22 de junho de 2016
"Equiparei o teu salário ao 'dele'". "Ele" tocava UMA editoria, enquanto eu comandava CINCO. #jornalistascontraoassédio— Lisiane Oliveira (@lisianeoliveira) 22 de junho de 2016
#JornalistasContraoAssédio— Luiza Bodenmüller (@lubodenmuller) 22 de junho de 2016
Na entrevista de emprego:"Vc é feminista? É pq já tivemos problemas c/ pessoas assim antes, por isso perguntamos"
A campanha ganhou o apoio dos homens também.
Apoio as colegas, essa eu já ouvi e disse.— eduardoamaral (@eduardoamaral87) June 22, 2016
"Poh, temos que contratar umas gurias para embelezar a redação" #jornalistascontraoassedio
Campanha essencial para mundo em que vivemos. Leiam o que as próprias jornalistas tem a dizer: @jornasxassedio e #jornalistascontraoassedio— Guilherme Venaglia (@gvenaglia) June 22, 2016
@tavasconcellos E as minas seguem fazendo a mudança! Parabéns pela iniciativa. #jornalistascontraoassedio— #Atleti (@rflalves) June 22, 2016
Como jornalista, é triste se identificar em cada história dessa. Já vivi ou presenciei colegas nessas situações. O que a princípio só achei incômodo, hoje vejo que o quão errado é. Mas o primeiro passo já foi dado, que é falar sobre o assunto e expor essas situações.
Não podemos tornar o assédio algo natural. Sei que é complicado, porque na maioria das vezes nosso emprego está em jogo, seja com o assédio partindo de um chefe ou de um entrevistado. Mas precisamos nos unir e mostrar que não queremos isso. Tudo que pedimos é respeito para fazer nosso trabalho em paz. #JornalistasContraOAssédio