Não sou de acompanhar esporte, mas em tempo de Jogos Olímpicos é impossível fugir do assunto. As redes sociais foram tomadas pelo tema. Não entendo de futebol, ginástica artística, vôlei de praia ou qualquer outra modalidade. Mas sei uma coisa ou outra de representatividade, e esse é o ponto onde quero chegar.
Vamos começar pela Cerimônia de Abertura. Sem dúvida os destaques foram Gisele Bündchen, Ludmilla, Elza Soares, Karol Conka, MC Soffia, Lellezinha e Anitta. A primeira já é uma top model reconhecidíssma no mundo todo, e seu desfile na cerimônia só veio reafirmar isso. Já Karol Conka, MC Soffia e Lellezinha são nomes novos na música, mas que já fazem sucesso na Internet. Todas jovens, negras e empoderadas, que orgulharam todas as brasileiras. Elza Soares é um ícone da música e cultura brasileira, que mesmo debilitada, mostrou toda sua força e garra durante a apresentação. Já Anitta e Ludmilla tem uma carreira de sucesso promissora, principalmente no meio pop/funk.
Obviamente a apresentação de Anitta (junto a Caetano Veloso e Gilberto Gil) na Abertura dos Jogos gerou polêmica. Uns diziam que ela não representava a música brasileira. Mas em um país onde 51% da população é feminina, grande parte escuta pop/funk, e é de baixa renda, como a origem de Anitta. Ou seja, ela representa sim, e muito! Fez uma apresentação ótima que rendeu muitos elogios, sem contar o "tombamento" em William Waack.
EU TO PASSANDO MAL COM O PISADAO DA ANITTA NO WILLIAM WAACK pic.twitter.com/XpN7MqGYWX— yasmin renault¡¡¡¡ (@whorenault) August 6, 2016
Com os jogos já começados, as notícias que mais vejo são sobre o bom rendimento ou algum outro destaque sobre as mulheres. Meu Facebook sábado à noite foi tomado por elogios à seleção feminina de futebol brasileira, que ganhou de 5 a 1 contra a Suécia e foi para as quartas de final. Posts como "Orgulho de ver nossas meninas jogarem!" ou "Se a seleção masculina jogasse tão bem como a feminina não teríamos levado 7",em referência ao 7x1 da Copa do Mundo, eram os mais comuns. Também não faltaram elogios à Marta, a camisa 10, e comparações com o "salto alto" do Neymar.
Mas não é apenas no futebol que as mulheres têm se destacado. Yusra Mardini, nadadora Síria que compete pela delegação dos refugiados, também teve muitos compartilhamentos e mensagens de carinho. Yusra tem 18 anos e fugiu da Síria há um ano, nadando por mais de 3 horas pelo Mediterrâneo, até chegar à uma ilha grega. Se não fosse apenas esse feito enorme, ela ainda puxou o bote salva-vidas com refugiados e ajudou a salvá-los. Agora é um exemplo de superação e ganhou grande torcida nos Jogos.
A ginástica artística é outro esporte que foi muito comentado nesse final de semana. As brasileiras competiram no domingo na categoria por equipe e acumularam 174,054 pontos, ficando entre as oito melhores e garantindo vaga na final, que será disputada amanhã. O assunto foi um dos mais comentados no Twitter e ficou nos Trending Topics. E não foi apenas a equipe brasileira que brilhou. A indiana Dipa Karmakar, de 22 anos, foi a primeira ginasta de seu país a se classificar para uma Olimpíada. Ela não conseguiu a classificação, mas ganhou a simpatia dos brasileiros e foi super aplaudida.
Para finalizar o texto, deixo uma imagem da Olimpíada que tem sido compartilhada com emoção. A egípcia Doaa Elgobashy, de 19 anos, disputou o vôlei de praia usando hijab, uma espécie de véu sobre a cabeça, e calça, já que não pode mostrar as pernas. Ela e sua parceira Nada Meawad (que também é muçulmana, mas não usa o véu por seguir ensinamentos diferentes) foram a primeira dupla do Egito a disputar uma Olimpíada nessa modalidade.
Em um mundo que cada vez mais se debate o feminismo, é importantíssimo ter tantos exemplos inspiradores no esporte (e na cultura, como visto na cerimônia de abertura). As meninas de hoje em dia se veem representadas e podem sonhar com um futuro igual.
E tudo isso ocorreu apenas no primeiro final de semana de competições. Não sei se as brasileiras vão ganhar muitas medalhas, mas tenho a certeza de que elas e as competidoras dos outros países estão fazendo história. E uma bonita história.