Post de Caroline Freitas
(...) aproximando-se milhares de quilômetros a cada minuto, vinha a Coisa que eles mandavam para nós, a Coisa que traria tantas lutas, mortes e calamidades à Terra. Jamais imaginei nada disso enquanto observava; ninguém na Terra sonhava com aquele infalível projétil. (...)
'A Guerra dos Mundos' foi publicado em 1898 e H. G. Wells utiliza da ciência da época para fundamentar sua obra, fazendo analogia a biologia, astronomia. Considerada uma das primeiras histórias de invasão alienígena. Nesta obra o autor criou uma civilização alienígena que manipula certa tecnologia até então nada tinha sido lançado por essa perspectiva.
Narrado em primeira pessoa a historia se passa na Inglaterra, a guerra inicia-se em uma cidade do interior, diferente do filme de 2005, com Tom Cruise. Como é dito na introdução desta edição, são locais onde o autor visitou conhecia e poderia entrar em detalhes e enriquecer sua obra.
No segundo capítulo tem-se início a guerra com destruições e mortes. O estopim ocorreu em um povoado isolado, Woking até chegar as grandes cidades da Inglaterra. Esses seres não tinham compaixão. Sem contar que na época não tinha todo o aparato tecnológico que temos hoje, comparado com os outros, os humanos não teriam tantas chances e poucos se dedicavam a estudar o espaço.
O interessante é que seus marcianos são bem desenvolvidos e inteligentes. Seu ataque é silencioso e rápido. Seu planeta, Marte, estaria à frente do desenvolvimento do planeta terra. No primeiro capítulo entendemos o motivo que levaram esses seres a invadir a Terra. Não foi uma mera invasão, teria sido tudo calculado. Uma inteligência superior a do ser humano daquela época.
O autor demonstra que o homem do século XIX já se mostrava egoísta, vaidoso, comodista, pensando nos seus interesses, achando-se superior aos outros seres. E com a guerra alienígena verá que não é bem assim, o ser humano é frágil, capaz de ser dominado. Suas teorias e justificativas ao mesmo tempo em que se mostravam meio impossíveis nos leva a crer que um dia algo assim possa acontecer, vai saber.
As comparações e analogias de Wells nos levam a refletir, por exemplo: o ser humano se vê como um ser superior aos outros seres e é assim que os marcianos da sua historia também enxergam o ser humano. Com problemas em vosso planeta, precisam de outro para habitar.
(...) E nós, homens, os habitantes da Terra, devemos ser para eles no mínimo tão exóticos e inferiores quanto macacos e lêmures o são para nós. O intelecto humano já admite que a vida é uma incessante luta pela existência, e parece ser essa também a crença das mentes marcianas. (...)
No decorrer dos capítulos o ser humano através da visão do narrador verá que não é assim tão superior como acredita ser. E naquela época gerava danos e destruições para sua e outras espécies. E na visão de Wells foi capaz de subjugar o poder de outra espécie.
Em 'A Guerra dos Mundos' o autor detalha um ser humano nada imbatível, capaz de sentir medo e pânico extremo. Impressionante que mesmo com a chegada dos marcianos os humanos seguiram com sua vida normalmente e não acreditaram nos relatos. Se tivessem acreditado, teria sido diferente? Teriam conseguido combatê-los? Os alienígenas de Wells não chegaram atacando, eles se prepararam para o ataque, de maneira pensada.
Mesmo sendo uma obra escrita em 1898, você entende como ela não perdeu o prestígio, com escrita convincente. Eu gosto bastante do filme, mas se formos comparar somente a essência é a mesma, a ideia de que não somos inatingíveis, dos seres de outro planeta chegando a terra, a descrição deles. O filme é uma inspiração, podemos assim dizer, eu fui esperando algo parecido, não é.
É uma ficção cientifica densa, só que fluiu bem comigo, alguns colegas e amigos não gostaram da obra, acharam-na cansativa. A Suma de Letras fez um ótimo trabalho nesta edição especial. O livro contém ilustrações e capa dura. O único porém é a laminação aveludada sobre a capa, deixam marcas dos dedos e isso me incomodou bastante.
A meu ver o que torna a obra famosa é o fato do autor naquela época abordar algo imaginável e a forma como o ser humano agiria em um momento de terror, medo e catástrofe. De realizar coisas impensáveis pela sobrevivência.
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