A magia das videolocadoras

Publicado originalmente no Diário de Santa Maria. Se os jovens não quiserem saber como funcionou, como existiu, acho que eles estão …

Se os jovens não quiserem saber como funcionou, como existiu, acho que eles estão perdendo tanto. Estão perdendo muito, de saber um pouco da história.
Posso dizer que é um pouco estranho que eu, com quase 26 anos, vou falar sobre ter feito parte de uma geração que saía de casa para ir até um estabelecimento buscar filmes para assistir no conforto do sofá. Hoje é muito mais fácil. Está tudo ao alcance de um controle remoto ou até mesmo de um navegador de internet. Porém, só quem foi ou ainda frequenta videolocadoras sabe como é legal estar naquele ambiente.

Vamos falar a verdade, eu já passei por 4 gerações do home video: o VHS, a TV a cabo, o DVD, Blu-ray e streaming. Todas com características muito diferentes (da fita não rebobinada que gerava multa a conferência de riscos no disco do DVD) e que fizeram com que eu e muitas pessoas pudessem conhecer filmes, atores, diretores e, principalmente, histórias.

No fim de setembro foi lançado o trailer do documentário nacional 'CineMagia: a história das videolocadoras de São Paulo', que começou a ser produzido há mais de dois anos e apresenta a vida de proprietários e funcionários de videolocadoras ainda em funcionamento na cidade de São Paulo e de outras que já fecharam as portas.


Assistir esse trailer me deu um sentimento de saudade. Apesar de ter plena consciência de que não alugo nenhum filme há mais de um ano, principalmente porque resolvi focar na minha coleção de filmes em DVD e Blu-ray, confesso que sinto muita falta de passear por uma videolocadora. Sim, passear. Mesmo que, na maioria das vezes, as pessoas entrem lá em busca de lançamentos, cada prateleira ou sessão tem muito a oferecer ao cliente. De clássicos a comédias; do terror ao romance; da animação aos jogos de videogame.


O mais estranho é que criamos uma conexão com as pessoas que estão por lá. Eu, por exemplo, nunca vou esquecer da Graciela e Valkiria, da El Águila Vídeo, que por mais de 10 anos passaram ótimas dicas de filmes, guardaram cartazes dos filmes que mais gostava e ligavam sempre quando aquele lançamento que estava esperando chegava ou tinha muita concorrência para locação. Sempre que encontro com elas pela rua, parece que estou encontrando amigos que não vejo há um tempo.

Apesar de termos cada vez mais sites ou perfis com opiniões sobre filmes, faz falta ter aquela conversa com um atendente que sabe dicas legais ou até mesmo com outros clientes que estão rodando as prateleiras. Afinal, um filme não deveria ser só uma porcentagem de recomendação que a Netflix nos dá. Ele precisa te passar uma mensagem, seja ela boa ou ruim.

Escrever esse texto me deu vontade de revisitar locadoras. E talvez eu volte a fazer isso nos fins de semana. Só não posso esquecer do comprovante de residência para reativar minha conta!
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