Em 'Tartarugas Até Lá Embaixo', o quinto livro solo do John Green, conhecemos Aza, uma garota lidando com pensamentos em espiral que foge completamente do seu controle. Ela sente-se presa e intimidada por sua mente, enquanto a ansiedade dela toma conta. No entanto, ela faz o melhor para ser uma boa amiga para Daisy, filha e para tentar viver a vida que deseja.
Temos Davis, um jovem com um pai bilionário desaparecido, que esta fazendo o seu melhor para ser uma boa influência para seu irmão de treze anos, uma vez que estão passando por essa fase absurdamente difícil. O livro relata também sobre doenças mentais, famílias, amizades e apaixonar-se.
Eu acho que John Green fez um excelente trabalho ao relatar a doença de Aza e as maneiras como às vezes os pensamentos podem controlar uma pessoa. Eu como alguém ansioso sei como é difícil lidar com pensamentos invasivos. Às vezes a mente parece uma entidade diferente do seu eu e John Green maravilhosamente mostrou todos os pensamentos passando por sua cabeça. Mais ainda, ele fez isso de forma que exibisse devidamente como uma doença mental.
Também gostei do romance, embora nessa história ele seja mais filosófico do que propriamente real. Não é necessário um melodrama para mostrar que duas pessoas descobrem e passam a nutrir sentimentos uma por outra. John Green vai mais a fundo e mostra que por mais poético e utópico que seja dizer que o amor pode tudo, ele deixa claro que não é assim que funciona.
Nesse mundo coisas boas podem acontecer, mas coisas ruins também podem e vão. O retrato que ele traz da doença não afeta só o individuo, mas todos aqueles ao redor. Famílias e amizades são testadas a todo instante. E isso é o ponto alto dos livros de John Green, a forma como ele liga todos esses temas de maneira sutil, sem subestimar a mente do jovem leitor.
Entretanto não são apenas elogios que permeiam essa obra. Acompanhamos duas tramas, Aza e sua dificuldade em lidar com seus pensamentos invasivos e David e o desaparecimento do seu pai. Acredito que se o livro fosse focado em apenas um dos problemas, poderia se criar uma ligação ainda mais forte com os personagens. Por ser um livro curto, uma hora a trama parece se afinar. Poderia ser um olhar sobre a doença mental ou um mistério. Ou até poderia ser ambos se fosse mais longo e encontrasse uma maneira de combinar os dois. Mas, infelizmente isso não acontece.
John Green mais uma vez faz o que sabe fazer de melhor, trata assuntos sérios e pesados, escrevendo romances, que, de forma sutil e honesta, nos apresentam um mundo onde problemas são reais, influenciam nossa vida e nosso modo de pensar. A vida não é um conto de fadas, mas nem por isso devemos deixar de vivê-la ao máximo.
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