Provavelmente uma das maiores tentativas das crianças dos anos 90 era assistir a filmes de terror na TV, mesmo que seus pais não curtissem muito a ideia. Lá em casa era assim, então tive a chance de ver poucos trechos de Chucky, um boneco possuído por um serial killer, em 'Brinquedo Assassino' (1988), quando era exibido na Tela de Sucessos do SBT.
Após várias sequências e entrando na linha de filmes que ganham seus reboots, a versão de 2019, que manteve o nome do original, traz uma versão atualizada do boneco. Agora ele não é só um brinquedo, também é um assistente virtual, que auxilia as crianças nas atividades da casa, lembra o que não pode faltar na mochila e muito mais. Sem contar que a empresa que o produz promete aumentar sua linha de brinquedos, trazendo outras opções de cor de pele, roupas, acessórios e até uma versão urso (que certamente é a mais assustadora).
E claro, isso tudo ligado a uma grande empresa de tecnologia, que quer dominar seu espaço domiciliar, com celulares, controladores de temperatura, aparelhos de som, televisores e todas as possibilidades que recheiam o mercado de eletrônicos. Mas obviamente essa nova versão apresenta duas grandes críticas: as longas, forçadas e não valorizadas jornadas de trabalho (que causam a modificação do chip interno que cria esse boneco fora do padrão) e nosso apego a tecnologia, como forma de aproximação e construção de amizades.
Sem muitas amizades, Andy Barclay (Gabriel Bateman) busca seu entretenimento basicamente no celular, que não é a última versão, já que para sua mãe, Karen (Aubrey Plaza), a prioridade sempre seria sua saúde, e agora ele precisava trocar seu aparelho de audição. Trabalhando em uma espécie de Walmart, com turnos não muito favoráveis para a convivência com o filho, Karen sempre tentava agradar o garoto, ainda mais quando estava perto de seu aniversário. E Chucky chega no momento em que uma devolução acontece e ela vê como oportunidade de levar o brinquedo "com problemas" para casa.
Mesmo não muito animado com a surpresa, ele aciona o brinquedo, de acordo com o aplicativo e traz a vida o boneco que grava todas as suas reações e atitudes, que, na teoria, deveriam ser utilizadas para trazer uma experiência de interação. Porém usa todos esses dados como uma forma de perseguição, oportunismo e manipulação, a todo e qualquer um que se diga "amigo" de Andy.
Com poucos sustos inesperados, 'Brinquedo Assassino' (2019) mostra que, mesmo com um boneco com aparência pouco amigável, a tecnologia pode ser o "grande mal" do reboot de uma possível futura franquia. Será que em breve teremos mais produtos tecnológicos atacando humanos? Isso só o resultado das bilheterias vai dizer.