Em sua segunda edição, a Festa Literária de Santa Maria (FLISM), preparou uma programação plural com inúmeros convidados. Para a noite de abertura, o convidado foi Ignácio de Loyola Brandão, que trouxe sua experiência como jornalista, cronista e na ficção.
Logo de início, Ignácio conta que não é muito conectado com redes sociais e celulares, dizendo: "eu não quero ser encontrado. Eu encontro quem eu quero". Nascido em Araraquara, São Paulo, o autor disse que sempre teve medo da mesmice. Isso o incentivou a sair de sua cidade natal e ir em busca de mais oportunidades em outras cidades.
Com a literatura presente em sua vida desde a infância, graças a Tia Margarida e seu pai, que tinha uma vasta biblioteca, isso o ajudou a conhecer mais palavras e desenvolver sua criatividade, já que se considera muito tímido. Esse contato com os livros inspirou o infantil, "O menino que vendia palavras", vencedor do Jabuti. Ele também relembrou de "Os Olhos Cegos dos Cavalos Loucos", que é como uma carta para seu avô.
Como jornalista, ele comenta que todo o livro bom é uma provocação. E ainda lembra que:
Como jornalista, ele comenta que todo o livro bom é uma provocação. E ainda lembra que:
[...] o jornalista precisa desocultar as informações, por isso que desagrada as pessoas.
Durante o papo, coordenado por Raquel Trentin, ele relembra momentos da ditadura militar, os medos da censura (na redação do jornal e na produção literária) e ainda os amigos e colegas que perdeu, como Vladimir Herzog. Esse período pode ser visto em "Zero", obra de ficção censurada na ditadura militar.
O livro foi meu "terrorismo". Foi minha forma de xingar e liberar a raiva. [...] A censura nos ofende, estrangula, corta a voz.
Uma das falas que mais me chamou atenção de Ignácio foi sobre o sentimento de culpa, que quase todos sentimos ao largar um livro ruim:
Se você não se encontra dentro de um livro, você pode largar ele. Um livro nos explica e ajuda a viver melhor.
Sobre a literatura de ficção, Ignácio relembra a história de "Não Veras País Nenhum", lançado em 1982, que fala sobre um Brasil distópico, em que parte da Amazônia foi devastada. E comentou a situação situação da Amazônia e as faltas de políticas governamentais para a preservação:
O deserto que previ pode acontecer. Nossa situação mostra a ausência do medo dentro do absurdo.
Durante toda sua fala, o autor citou vários outros livros que lançou, como "O beijo não vem da boca", "Veia bailarina" e "Desta Terra Nada vai Sobrar, a Não ser o Vento que Sopra Sobre ela", e algumas de seus livros favoritos, como "Vidas Secas", de Graciliano Ramos, "O velho e o mar", de Ernest Hemingway, e "A Metamorfose", de Franz Kafka.
Para finalizar, deixo a fala do autor sobre as crônicas, produção que ele mantêm em sua carreira desde a época que fez parte da revista Cláudia:
A crônica é a vida que revive a cada instante.