Assim como é exibido no trailer, uma das primeiras cenas do filme é Pedro Paulo (Estevam Nabote) com seu Mozão, um Opala dos anos 70, uma das poucas lembranças físicas que restaram do falecido pai. Naquele momento, o personagem estava desempregado e se autodenominava um bom dono de casa.
Pedro é casado com Manuela (Aline Campos), uma atendente de loja popular que sonha em subir de cargo e atingir a vaga da gerência. Os dois tem Vitória (Nick Chagas), uma encantadora pré-adolescente que sabe se divertir com a avó e é cuidadosa com todos.
Mesmo com a solução prática de escolher ser motorista de aplicativo, para pagar a troca do telhado da casa (bancada pela mãe, que era uma mera visita), Pedro ainda é muito apegado ao carro e tem dificuldade de aceitar que as pessoas não tem o mesmo apreço pelo seu Mozão.
Fora isso, seu descuido vai muito além do telhado furado. Ele simplesmente esquece o aniversário da mãe, tenta concertar com uma tarde no spa - organizada as pressas pela Tia Rose - e uma "cesta argentina", já que a viagem de sua mãe foi adiada e ele queria manter a referência a Buenos Aires.
O que posso dizer é que o filme não funciona, principalmente na escolha do protagonista (tanto ator como personagem). Em inúmeros momentos é difícil compreender as falas de Pedro Paulo. Seu personagem é só desleixado e incoerente com suas escolhas e, mesmo percebendo seus erros, não parece estar disposto a melhorar.
Seria uma história muito melhor se Dona Nilda fosse a verdadeira protagonista. Ela e Tia Rose garantem os verdadeiros momentos de humor do filme e brilham muito nas cenas que fazem juntas, principalmente no spa (a cena da massagem tântrica é realmente hilária).
Obviamente que se a perspectiva do filme fosse a partir de Dona Nilda, teríamos uma espécie de 'Minha Mãe é uma Peça', mas acho que seria uma solução muito mais acertada e prenderia o público facilmente.